O personagem criado pelo francês Charles Perrault, no século XVII, ganha uma nova roupagem nessa história que combina vários contos de fada com resultado um tanto desigual – favorecendo mais o protagonista, por razões óbvias, e transformando num chato quase insuportável o ovo Humpty Dumpty .
O roteirista Tom Wheeler mistura tudo – gato, ovo, feijões mágicos, gansa dos ovos de ouro – e cria uma história um tanto estranha. O Gato (voz de Antonio Banderas, na versão original) é um fora-da-lei mexicano, cheio de charme e mais cheio ainda de si, criado num orfanato. Seu plano no momento é roubar os feijões mágicos de Jack (Billy Bob Thornton) e Jill (Amy Sedaris), subir ao castelo do gigante nas nuvens e roubar alguns ovos de ouro.
No meio do caminho, conhece Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek), outra gata fora-da-lei com o mesmo objetivo, que acaba levando-o ao seu chefe, o misterioso ovo Humpty Dumpty (Zach Galifianakis). Entra um flashback – um tanto longo – sobre a infância do gato e do ovo que se conheceram no orfanato, onde se tornaram amigos e depois brigaram, tornando-se inimigos.
Humpty Dumpty é, a priori, um personagem dividido por conflitos internos, transitando entre o bem e o mal. Ele é amigo do Gato, ama-o como irmão, mas, ao mesmo tempo, é seu rival e o odeia por ter sido abandonado no passado. Seria um personagem interessante, mas, por seu desenvolvimento no roteiro, torna-se o chato de plantão.
O Gato, Kitty e seus amigos bichanos garantem uma boa dose de charme para o filme, cujo colorido vibra no 3D eficiente. A história da dupla felina segue linhas convencionais – rivais que se unem para um bem comum e acabam se apaixonando. O sotaque espanhol do personagem remete ao Zorro – mas isso é só um detalhe numa história em que um gato é irmão adotivo de um ovo e todos levam isso numa boa.
Dirigido por Chris Miller (Shrek Terceiro), Gato de botas não tem nenhuma ligação direta com os filmes do ogro. O bichano ganha seu próprio filme, que se sustenta por si próprio. Não é tão bom quanto o primeiro Shrek, mas também é melhor do que suas sequências.
->Texto de Alysson Oliveira, do site CineWeb.
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