1 de julho de 2011

Estreia nos cinemas: Transformers: O Lado Oculto da Lua



Quando esteve no Brasil para o lançamento mundial de Transformers: O Lado Oculto da Lua, que aconteceu no último dia 18 de junho, o cineasta americano Michael Bay foi enfático ao afirmar que é um diretor de movimento. "Não se pode economizar na ação", disse em coletiva à imprensa, no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

A frase de Bay é muito mais do que uma explicação para seu último filme, é a pedra fundamental de um estilo particular de exercer o ofício. Responsável por filmes como Bad Boys, Pearl Harbor, A Ilha e Armageddon, ele sempre se esmerou, acertando ou não, para fazer o público prender a respiração em cenas explosivas. E nesta terceira parte da franquia Transformers, Bay mostra-se ainda mais afiado neste aspecto.

Transformers: O Lado Oculto da Lua é o que se vende. Baseado em personagens robóticos alienígenas, os bonzinhos Autobots e os vilões Decepticons, a produção é um sem-fim de sequências de ação, tão velozes quanto bem-executadas do ponto de vista técnico. O que é ainda potencializado pela versão 3D.

No entanto, enquanto Bay avança com excelência no aspecto visual, invariavelmente deixa o conteúdo para trás. Em meio à destruição de cidades inteiras, a trama se desenrola de forma confusa e, muitas vezes, frouxa. Aqui, tudo começa em meio à guerra ancestral entre robôs, quando o Sentinel Prime (dublado por ninguém menos do que Leonard Nimoy, o eterno dr. Spock de Jornada nas Estrelas), o líder Autobot, foge do planeta natal, Cybertron.
Mais tarde, sabe-se que a nave caiu no lado escuro da Lua, fato que forçou a Rússia e os EUA a iniciarem a corrida espacial na década de 1960. Assim, a nave Apollo 11 teria chegado lá com o propósito de resgatar a tal espaçonave - o que ganha um aparência de verdade histórica ao ser confirmado por ninguém menos do que o astronauta Edwin (Buzz) Aldrin, de 81 anos, sobrevivente da tripulação original da própria Apollo 11, em participação especial no filme.

Anos mais tarde, o espectador volta a encontrar Sam (Shia LaBeouf), agora desempregado e já sem Mikaela (Megan Fox, expulsa da franquia pelo próprio produtor Steven Spielberg, por contestar Bay). Um fato irônico, já que o rapaz salvou o mundo duas vezes, informação que não pode colocar no currículo.

Enquanto isso, os Autobots ajudam os exércitos de paz pelo mundo a capturar os últimos Decepticons sobreviventes. O que se vem a descobrir depois é que o grupo de vilões, tal como o governo americano - e uns pobres astronautas russos - sabem que no lado oculto da lua há uma arma poderosa que colocará em risco a vida na Terra. Restará a Optimus, líder dos Autobots, ajudado por Sam e o coronel Lennox (Josh Duhamel), evitar a iminente catástrofe.

Talvez seria pedir demais para esta produção baseada em um brinquedo saudosista ter uma narrativa mais dramática. Daí a opção assumida de Michael Bay de pesar a mão no lado estético. A cena em que o homem pisa na lua, em 3D, é tão bem elaborada que vale o ingresso.

Sem uma história de peso, Bay e o roteirista Ehren Kruger (de Os Irmãos Grimm) buscam sua redenção no humor. Na linha do "se não consegue ser inteligente, seja engraçado", eles aproveitam o carisma de atores especialmente convidados, como John Turturro, Alan Tudyk, Frances McDormand e John Malkovich, para destilar uma comédia fina, delineada a cada linha dos diálogos.

Ao ter sua primeira exibição em terras brasileiras - Bay assumiu que não havia visto a cópia finalizada - , Transformers prova que o Brasil é um mercado potencial importante para esse gênero de filme. O que não necessariamente é um elogio ao gosto de seus espectadores.

De fato, Bay e os atores Josh Duhamel e Rosie Huntington-Whiteley, que também vieram ao Brasil, embora tenham defendido a importância cinematográfica desta produção, todos assumiram o discurso "mas é um filme menor" frente a outros projetos almejados.

O próprio diretor confessou, em tom de brincadeira, que só aceitou dirigir a terceira parte da franquia - contrariando o que havia dito antes - por um pedido expresso de Spielberg, que assina a produção. Praticamente uma ordem. O homem é poderoso. Megan Fox que o diga.



->Texto de Rodrigo Zavala, do blog CineWeb.

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